Estou muito reflexivo estes dias com a realidade dos outros. Li, assisti , ouvi diversos fatos que me levam a pensar: "E se fosse eu?" Acabei de ler um post (Carta à minha aluna, Elisabete) no blog "Escrever é Transgredir" (http://escreveretransgredir.blogspot.com/) que me levou a pensar nisto mais fundo. Quantas vezes estamos cegos para a realidade e perspectivas dos outros? Quantos vezes achamos que apenas a nossa realidade e perspectiva é a única correta.
Estou lendo o livro de Stephen Hawking e Leonard Mlodinov, The Grand Design, que ainda não foi publicado no Brasil, que trata sobre Física Quântica, e uma nova teoria sobre a histórias alternativas ( todas as possíveis alternativas que poderiam ter acontecido, em Física Quântica, na verdade, acontecem, aconteceram e acontecerão) e outras novas teorias. Mas um aspecto que os autores deixam bem claro é o fato de que a realidade talvez não seja a realidade. Que eu posso estar vendo um quadro, um momento, uma circunstância e interpretá-lo de maneira totalmente diferente de outra pessoa que observas o mesmo quadro, momento e circunstâncias. Observe que não estou falando sobre a verdade, que muitos hoje consideram como relativa (o que não é totalmente errado pois em determinados momento ela pode ser relativa), mas sem considerar que existe uma Verdade que é absoluta e nada pode mudá-la ou mexer nela. O próprio fato de dizer que a verdade é relativa é uma verdade absoluta pois a maioria das pessoas não abrem mão desta declaração.
Ontem a noite estava assistindo o jornal e vi a história de uma moça indiana que foi enganada a ir para Hong Kong na promessa de casamento e ali chegando se tornou escrava da família do "suposto" noivo, que trabalha no governo e que a trouxe com visto de trabalho para Hong Kong, apesar de declarar que ela é a sua esposa, apesar de nunca terem se casado, apesar de ter recebido o dote da família dela na Índia. Ela foi espancada, abusada sexualmente, trancada dentro de casa... até o dia que conseguiu escapar e dar queixa na polícia de seu suposto sequestro e abuso. Resposta da polícia? Não há indícios suficientes para investigar o caso. Só após grupos de direitos humanos entrarem em cena é que algumas respostas começam a surgir. E se fosse eu, ou meu filho, ou minha irmã?
Esta semana o presidente do Brasil reconheceu a legalidade do Estado Palestino, se juntando a outros 100 países que já o fizeram. Isto levou à crítica do governo de Israel, e com certeza de muitos cristãos. Eu amo Israel, tenho parentes judeus, sou cristão que ama a Bíblia e que quer ver as profecias serem cumpridas. Apesar disto eu acho que o presidente fez bem. Por que? É o nosso dever como cristão defender a paz e o direito à vida a quem quer que seja. Isto inclue os palestinos. O salmo 122:6 diz que devemos orar pela paz de Jerusalém, não que devemos forçar o cumprimento das profecias. Devemos orar e profetizar e buscar a paz. Deus vai fazer as Escrituras se cumprirem independente de nossos esforços a favor ou contra. E se fosse eu? E se fosse no Brasil ou no seu país de origem? Se dissessem que você não tem direito a cidadania, moradia, locomoção, educação, etc? Vou continuar a orar pela paz de Israel e defender esta paz, mas vou continuar a orar pela paz dos palestinos também. Pela paz dos afegãos, dos iraquianos, dos americanos, dos paquistaneses, dos coreanos, etc. Muitas vezes a oração vai ter que ser seguida por decisões práticas. Muitas vezes eu vou ser resposta às minhas próprias orações. E então? Como vai ser?
Duas semanas atrás eu ouvi do Pr. Silas Zdrojewski, da Primeira Igreja do Evangelho Quadrangular de Curitiba (www.primeiraieq.com.br), uma declaração que está fazendo falta para muitos que se dizem cristãos: "Nossa vida precisa ser coerente com nossas orações... A oração deve ser uma expressão do coração... A oração terá mais autoridade pedindo o Reino (de Deus) e vivendo de acordo com as leis deste Reino". Quantas vezes oramos orações egoístas dentro das nossas perspectivas de realidade egoístas? Quantas vezes nos colocamos dentro da vida dos outros antes de tomarmos decisões?
Que possamos tirar os nossos óculos limitados à nossa visão de mundo egoísta, e passar a usar lentes que abram os nossos olhos para a realidade do nosso próximo para darmos uma resposta adequada às necessidades ao nosso redor e podermos orarmos de maneira adequada às circunstâncias que nos apresentam. Muitos querem ser profetas e reis, poucos estão dispostos a pegar a toalha e a bacia para lavar os pés dos outros. Que possamos buscar ter olhos de servos.
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