O Salmo 133 nos apresenta pelo menos três efeitos que a unidade tem sobre as nossas vidas e ministérios:
I. Efeito Pacificador (verso 1): “Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!”
O primeiro aspecto deste efeito a ser considerado é que a unidade é algo originada pelo e no Espírito Santo em nossas vidas. Por que eu digo isto? Primeiro porque é bom os irmãos viverem unidos. A bondade é um dos frutos do Espírito Santo (Gl. 5:22). A palavra bondade no grego é “agathosune” e, diferente do que muitos pensam, esta palavra não quer dizer agir em ou com bondade para com os outros, mas sim quer dizer “fazer o que é certo”. Fazer o bem ou agir com bondade, segundo o conceito brasileiro de ser bom, está relacionado com outro fruto do Espírito que é a benignidade (gr. chrestotes) que significa justamente o aspecto da bondade em ação, a amabilidade para com os outros ou mesmo a generosidade.
Por exemplo, chega um novo aluno (Pedro) na escola e ele está totalmente deslocado, e as outras crianças não querem brincar com ele. Charles é um garoto cristão, e ele sabe que Deus não faz acepção de pessoas, e não é legal o que as outras crianças estão fazendo, então Charles vai e convida Pedro para jogar bola junto com ele. Pedro todo sorridente aceita e lá vão eles. Charles agiu com benignidade para com Pedro. Agora vamos dizer que um dia o Pedro não faz a lição de casa, e todo preocupado ele pede para o Charles para copiar a tarefa dele, mas Charles sabe que isto é errado e diz-lhe que não poderá fazer isto. Mais tarde na escola, Pedro tem que ficar no recreio fazendo a tarefa, e então Charles vai até a professora e pergunta a ela se pode ajudá-lo na tarefa. Com o consentimento dela, Charles então gasta o recreio dele ajudando Pedro. Nesta situação Charles agiu em bondade com Pedro. Se ele tivesse emprestado a sua tarefa para ele copiá-la então teria feito algo errado, e isto não seria “bondade”.
E a razão de ser da “bondade” é a excelência. No Novo Testamento existe outra palavra grega para bondade que é a palavra “arete” que significa virtude ou excelência (principalmente num aspecto mais moral). Ela aparece em 2 Pd. 1:5 como um dos requisitos associados de base para se alcançar o amor ágape. Ou seja, nós não temos condições de termos uma excelência moral ou virtuosidade à parte do Espírito Santo.
E em segundo lugar a bíblia se refere à unidade como algo proveniente do Espírito Santo. Ef. 4:3 “...esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz;...” 1 Co. 12:13 “Pois em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo...”.
Outro aspecto deste efeito é o do alcance da unidade. Ela é agradável a quem? Quem se agrada dela? A resposta se encontra em Romanos 14:17-19 onde vemos que vivendo uma vida de seguir as coisas da paz e as coisas da edificação mútua (ou seja, unidade) num serviço a Cristo feito em justiça, paz e alegria no Espírito Santo, nós agradamos a Deus e agradamos aos outros, bem como agradamos a nós mesmos.
O que isto gera? Gera o fim dos conflitos. Por que, de outro modo, como poderíamos ser chamados irmãos? Este termo irmãos nos remete a Gênesis 13:8, quando houve um conflito entre os pastores de Abrão e os de Ló. A resposta de Abrão foi “Não haja contenda entre mim e ti ... porque somos irmãos” ou seja, nós vemos aqui que os irmãos buscam uma mediação para manter a paz. Não é a toa que Paulo diz que temos um ministério de reconciliação. Ele não alcança apenas os não cristão para uma reconciliação através da conversão, mas até mesmo os cristãos para uma reconciliação através da unidade. Por fim a palavra “unidos” neste versículo (heb. yachad) vem de um contexto de duas pessoas que se sentam juntas ou habitam juntas. Isto quer dizer que a unidade não é algo que acontece uma única vez, em que não damos mais espaço caso haja falhas, mas, ao contrário, é um processo contínuo.
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