A unidade tem sido uma palavra muito usada nos meios evangélicos, mas ao mesmo tempo muito desgastada, pois igrejas, denominações, pastores, líderes, missionários, etc., que se utilizam desta nomenclatura ou conceito, ensinam sobre os seus benefícios imediatos dentro, apenas, do seu corpo de ministração (benefício que, é claro, acontece), mas têm obtido poucos resultados em verdadeiramente se unir com o Corpo de Cristo achando que apenas alguns dos membros do Corpo de Cristo deveriam ser verdadeiramente o Corpo. Como ouvi de um pastor americano de uma denominação muito conceituada mundialmente, quando lhe pedimos a se unir conosco em um evento de distribuição de bíblias de casa em casa (projeto S.O.S. Macau: uma bíblia para cada família de Macau) no ex-território português na China conhecido como Macau, que culminaria, ao final do projeto, em um culto no qual todas as denominações evangélicas da cidade estariam representadas não apenas pelos membros de tais igrejas, mas na importante figura de seus pastores: “Infelizmente não posso! Como subiria eu ao púlpito junto com tantos pastores de tantas igrejas que não crêem como eu. Eu seria hipócrita de estar ali e, além do mais, isto traria confusão para os membros da minha igreja!” Ou seja, a unidade não tem encontrado aplicação prática dentro da Igreja. A Igreja ainda não se revestiu plenamente deste conceito.
Este tema é de tal importância que até mesmo no mundo já estamos vendo uma tendência em direção a isto. O que falar, por exemplo, do ecumenismo que tenta unir todas as religiões a uma vida religiosa de respeito e compartilhamento; ou da globalização mundial; ou dos mercados comuns; etc? São formas que têm se manifestado para expressar a unidade. E isto traz a tona outro ponto: o de que a unidade pode ser utilizada tanto para o bem como para o mal. Vemos isto na história da torre de Babel, quando o ser humano se uniu para construir uma torre para alcançar o céu, se fixando em apenas um lugar, contrariando a ordem divina de se multiplicar e povoar a terra: o Mandato Cultural (Gn. 9:1,7). A afirmação de Deus deve nos alertar para os efeitos que a unidade pode trazer: “Eis que o povo é um, e todos têm a mesma linguagem. Isto é apenas o começo; agora não haverá restrições para tudo que intentam fazer” (Gn. 11:6). Por esta razão Deus confundiu a linguagem do homem, para que ele se espalhasse e povoasse a terra, ao invés de se concentrar em apenas um lugar, em rebeldia aberta contra Deus. Ou seja, não tem nada a ver com a torre, que é apenas um monumento para demonstrar a sua independência de Deus, mas tem a ver com a desobediência do homem quanto ao mandato cultural dado por Deus de popular e dominar a terra. Portanto, o que vemos aqui é que quando nos tornamos um, é desprendido um enorme poder sinergético que faz com que alcancemos resultados de outra forma impossíveis de serem alcançados, para realizar tanto o bem quanto o mal.
Creio que não há melhor passagem da Bíblia para estudar sobre os efeitos da unidade, a nível individual e corporativo, do que o Salmo 133. Este salmo, escrito por Davi, provavelmente foi escrito dentro do contexto de quando Davi foi ungido rei sobre todo o Israel, acabando assim, com um período de divisão no reino (2 Sm. 5:1-5), o que trouxe um período de paz, santificação e prosperidade a Israel, benefícios tais que perduraram até o fim do reinado de Salomão, encontrando o seu término quando Israel se dividiu em dois reinos (1 Rs. 12:16-20): o do norte (Israel) e o do sul (Judá).
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